VIVE MELHOR QUEM SAMBA !!!

"Eu digo e até posso afirmar: vive melhor quem samba" (Candeia)

terça-feira, 26 de fevereiro de 2008

Estou falando com Ele...

SE EU QUISER FALAR COM DEUS
(Gilberto Gil)
Se eu quiser falar com Deus
Tenho que ficar a sós
Tenho que apagar a luz
Tenho que calar a voz
Tenho que encontrar a paz
Tenho que folgar os nós
Dos sapatos, da gravata
Dos desejos, dos receios
Tenho que esquecer a data
Tenho que perder a conta
Tenho que ter mãos vazias
Ter a alma e o corpo nus

Se eu quiser falar com Deus
Tenho que aceitar a dor
Tenho que comer o pão
Que o diabo amassou
Tenho que virar um cão
Tenho que lamber o chão
Dos palácios, dos castelos
Suntuosos do meu sonho
Tenho que me ver tristonho
Tenho que me achar medonho
E apesar de um mal tamanho
Alegrar meu coração

Se eu quiser falar com Deus
Tenho que me aventurar
Tenho que subir aos céus
Sem cordas pra segurar
Tenho que dizer adeus
Dar as costas, caminhar
Decidido, pela estrada
Que ao findar vai dar em nada
Nada, nada, nada, nada
Nada, nada, nada, nada
Nada, nada, nada, nada
Do que eu pensava encontrar
Se eu quiser falar com Deus
Conversando com o Zé, ele me sugeriu verificar esta música... Ao conferir, senti: "tudo a ver"!

domingo, 17 de fevereiro de 2008

FEBRE AMARELA



Genial esta charge sobre a Febre Amarela... Cerca de um século depois de Oswaldo Cruz, ela está de volta...

fonte: revista Radis, da Fiocruz

No Ceará é assim:

CARÃO (bronca)
FRESCAR (brincar)
JOGAR NO MATO (jogar fora)
MARMOTA (palhaçada)
"VALA" (abreviação de Valha-me Deus)
PENSE (imagine)
RAPARIGUEIRO (mulherengo)
COTOCO (dedo médio)
ESTAR COM ABUSO (enjoar)
BAITOLA (homossexual)
ABESTADO (bobo)
APERREADO (apressado, nervoso)
ABRIR/FECHAR (acender, ligar/ apagar, desligar)
FULEIRO (de má qualidade)
MURIÇOCA (mosquito)
ESTAR LASCADO (ferrado)
DIABEISSO ("Que diabo é isso?)
ARRE-ÉGUA (interjeição de espanto)
REBOLAR (jogar um objeto)
BOLACHA (biscoito)
BEBO (bêbado)
BONEQUEIRO (barraqueiro)
CAJUÍNA (bebida sem álccol de caju...)
CARNE-DE-SOL (muito bom...)
CARANGUEJO (gostoso...)
TAPIOCA (delícia...)
PAÇOCA (farofa, coloral e carne-de-sol)
CASTANHA (engorda)
PEIA (surra)
REDE (para dormir e relaxar)
CHEIRO (saudação de despedida carinhosa)
FEIJÃO VERDE (bom...)
e muito mais...
Meu sangue é cearense... Deve ser por isso que eu gosto tanto daquela terra, tão pertinho....

Ouvi essa música ontem... Bonita, né?

Detalhes
(Roberto e Erasmo)

Não adianta nem tentar
Me esquecer
Durante muito tempo
Em sua vida
Eu vou viver...
Detalhes tão pequenos
De nós dois
São coisas muito grandes
Prá esquecer
E a toda hora vão
Estar presentes
Você vai ver...
(...)
Eu sei que esses detalhes
Vão sumir na longa estrada
Do tempo que transforma
Todo amor em quase nada
Mas "quase"
Também é mais um detalhe
Um grande amor
Não vai morrer assim
Por isso
De vez em quando você vai
Vai lembrar de mim...
(...)

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2008

Um sonho realizado ...

Aconteceu em 4/2/2008 o primeiro desfile do Bloco Sambamantes, na Rua Sacadura Cabral, com concentração (e apoio) em frente ao Cais, percurso até a Pedra do Sal, onde foi feita homenagem aos ancestrais do samba. Fomos acompanhados por banda de sopros e o magnífico carro de som patrocinado pelo Zé, além de dezenas de foliões!

Este estandarte lindo foi carinhosamente confeccionado ao longo de 4 anos, pelo querido Antonio! E aí estou eu, de Maria Bonita, com sorriso de orelha a orelha... Quando a Banda começou a tocar, quando a chuva parou de cair, eu chorei tanto... Foi um dia inesquecível!!!!

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2008

Achei esse texto legal... Inadequado para uma quarta de cinzas... Falta ainda falar das férias de janeiro... Ah, depois!

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Médicos e cabeleireiros

Falando em corte de cabelo e convênios, há algum tempo escrevi um texto para o jornal A Folha de São Paulo, que ainda não foi publicado, mas que ilustra bem esta situação. Segue abaixo em primeira mão para o Grupo ORL-Br.


- Como está agora?
- Bem melhor.
- Precisa cuidar direitinho. Tome cuidado, ok?
- Pode deixar.
- Te vejo no mês que vem?
- Com certeza.
- Quer deixar marcado?
- Melhor não. Não quero prender seu horário. Depois eu ligo e marco com mais certeza.
- OK. Até lá!
- Até...


Este foi meu último diálogo com um profissional que vejo quase todos os meses. Felizmente, não sofro de nenhuma doença crônica que precise de acompanhamento periódico. Nem tampouco sou hipocondríaco ou faço exames regulares com receio de algum mal maior. Este foi apenas um fragmento de conversa com o profissional com quem corto o cabelo há mais de 10 anos.
Saindo do salão deixei um cheque no valor de R$ 40,00 referentes ao corte e mais 10% de gorjeta, como meu pai me ensinou: "Filho, estes profissionais ficam bem mais motivados a trabalhar, se você demonstrar satisfação".

Chegando ao consultório me deparo com uma situação constrangedora onde uma paciente recusava-se fornecer seu cartão do plano de saúde para ser feita a cobrança junto à seguradora, pois alegava que era retorno de consulta, onde ela apenas teria vindo para mostrar os exames que eu pedira há 2 meses atrás. Para contornar a situação, acabei orientando que não fosse feita a cobrança e que a atenderia assim mesmo. Afinal, poderia dar a impressão que eu estaria sendo mercenário ou que minha atitude não era digna de um médico com mais de 20 anos de formado.

Ao deitar para dormir à noite, algo me inquietava e afugentava o sono.
Eu pagara R$ 44,00 ao cabeleireiro e, no mesmo dia, tivera recusado pela paciente uma cobrança de R$ 34,00 referentes a uma consulta médica para avaliar alguns exames, que me orientariam na conduta frente a um diagnóstico de câncer e sua possibilidade de cura.

No mês seguinte, voltei ao salão para cortar o cabelo com um pouco menos de entusiasmo. Considerando o investimento em formação técnica e profissional, proporcionalmente, se eu recebo R$ 34,00 por uma consulta, deveria pagar não mais do que R$ 5,00 para cortar o cabelo.

Conversando com o Lúcio, ele me dizia que fizera um curso de 1 ano em escola de cabeleireiros, que vai anualmente a congressos para conhecer novas técnicas, novos produtos e se atualizar nos cortes da moda. Disse que tem que trabalhar até as 20 horas e também aos sábados. Realmente fiquei orgulhoso em saber que meu profissional é um sujeito atualizado.

Novamente a inquietude me tomou de assalto e não pude deixar de me comparar ao Lúcio. Certamente ele não tem curso superior. Nem tampouco pós-graduação. No entanto, isto não o faz uma pessoa menor. Maneja muito bem a tesoura e a máquina e dá o que o cliente quer: satisfação. Valoriza seu trabalho e investe na profissão.

Voltei a pensar em mim.

Ele está certo. O que motiva então esta comparação entre um médico e um cabeleireiro? Vejamos: ambos temos clientes. Os dele são mais fiéis do que os meus, pois os meus vieram até mim por intermédio do livrinho do convênio. Os dele são 100% particulares. Nós dois cuidamos da saúde das pessoas, claro que ele cuida dos cabelos e eu do resto. Vestimo-nos de branco impecavelmente.

Manejamos a tesoura com habilidade. Está certo que as estruturas que eu corto, normalmente, sangram e doem, mas temos que ter certa habilidade para tanto. Em alguns momentos usamos luvas e máscaras, para nos proteger e até proteger o cliente. Trabalhamos bastante. Às vezes temos que atender em 15 minutos, mas normalmente damos conta do recado, neste período. Precisamos de infra-estrutura como pias, cadeiras, telefone, secretária, agenda, café, revistas, sala de espera, etc. Pagamos impostos sobre o serviço realizado. E quantos...

E nossas diferenças? Bem, fiz a faculdade em 6 anos, após muito estudo para enfrentar um dificílimo vestibular. Diploma em mãos, foi pra gaveta, pois nova prova era necessária para fazer uma especialidade, desta vez com funil ainda mais apertado. Mais 3 anos se foram. Aos meus 27 anos de idade, eu havia passado 1/3 deles na Santa Casa de São Paulo. Daí comecei a trabalhar como plantonista, diarista, funcionário e até professor, para finalmente montar meu próprio consultório. Clientes particulares não existem para médicos pobres mortais da minha geração. Devem estar sendo cuidados pelo IBAMA, para ver se se reproduzem em cativeiro.

O jeito é fazer alguns convênios, pois hoje ninguém que tenha algum recurso financeiro quer ser atendido pelo SUS. E, a julgar pelas moças bonitas e pelos homens de meia idade esbanjando saúde que aparecem nas propagandas, o plano de saúde deve ser uma maravilha. Descobriram a fonte da juventude !

Na outra ponta estamos nós, médicos de meia idade, recebendo valores que variam de R$ 18,00 a R$ 42,00 por consulta para decidir sobre a sua saúde, caro leitor. E não para por aí: se formos falar em cirurgias então, a coisa fica pior. Você pode não saber, mas se o seu plano de saúde te dá direito a quarto coletivo (enfermaria) o médico que faz a sua cirurgia recebe metade do valor combinado.

Você deve estar se perguntando porquê? E nós também. Alguns exemplos: uma cirurgia comum como a amigdalectomia paga entre R$ 60 e R$ 85,00 se for plano enfermaria e, pasme, o dobro disto, se for plano apartamento. Isto você não sabia quando fez o plano, não é ? E por aí vai: apendicectomias, partos, hérnias, histerectomias,
tireoidectomias pagam em torno de R$ 300 a R$ 450,00 no melhor plano.
E você achava que seu médico ganhava bem, né ?

E os Pediatras, Clínicos, Reumatologistas, Pneumologistas, Cardiologistas que não fazem cirurgias ? Ganham o quê ? Consultas e apenas consultas...
Detalhe importante: cada vez que eu vou ao Lucio, eu pago. Se o paciente voltar em menos de 30 dias, o convênio não paga. Se vier uma ou dez vezes em um mês, o médico recebe apenas uma consulta. E aquela paciente não quis me deixar cobrar uma nova consulta após dois meses, para ver seus exames. Duas consultas por R$ 34,00 sai em média R$ 17,00 cada uma, fora os impostos.

No salão do Lucio também tem manicure e pedicure. Mão e pé sai pela bagatela de R$ 30,00, mas eu não faço lá. As mulheres gastam bem mais em seus cabelos com tinturas, escovas, banhos de óleo, chapinhas, etc e nada disso sai por menos do que..... uma consulta médica. Não que não devam fazer. Acho que devem se cuidar, se enfeitarem e serem vaidosas, com moderação. Apenas quero alertar para o conflito de valores. Nem vou comentar sobre preço de depilação sob pena de entrar em profunda depressão.

Outros serviços, como "quick massage", tem se popularizado nos shoppings. Meia hora por R$ 30,00. Sem impostos, recibos, notas fiscais, títulos de especialista, vigilância sanitária, conselho regional, associações de classe, sindicatos e convênios. E se voltar no dia seguinte, paga de novo.

Enfim, existe o problema e muitos médicos têm vergonha de falar sobre isto. Alguns querem manter a pose de ricos e bem sucedidos, quando na verdade estão mesmo é falidos.

Eu deixei de atender convênios e parei de ter insônia por este motivo. Agora o motivo é outro: como vou fazer para pagar minhas contas, se todos os pacientes querem passar com o "médico do convênio" ?

Dr. Alexandre Hamam