VIVE MELHOR QUEM SAMBA !!!

"Eu digo e até posso afirmar: vive melhor quem samba" (Candeia)

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2006

Residindo...




Nada mais falei sobre a vida de residente... Hoje são 13 dias de Uerj! A impressão inicial foi das melhores. O tempo todo eles colocam os novos residentes em evidência, e se colocam a sua disposição pra tudo! Teve muito blábláblá importante na recepção, projeção de filme que conta a história de uma paciente americana que tem câncer e de como é tratada no sistema de saúde americano, de uma forma fria, não como um ser humano, mas como uma doença. Tipo assim: aquilo que é desprezado pelos alunos do Fundão na Psicologia Médica, disciplina que tem a sala vazia, foi, simplesmente, a recepção aos novos residentes, que farão parte do corpo médico por 2 anos. Aliás, outra diferença da minha universidade natal é que os residentes de todas as outras áreas de saúde estiveram juntos, durante os 3 dias de ambientação: enfermagem, fisioterapia, fonoaudiologia, psicologia, serviço social e nutrição. Não é o máximo? Ao invés de acirrar as rixas, tentam mostrar que o ideal é ouvirmos uns aos outros, que cada um tem a sua importância numa equipe multidisciplinar.

Tudo seria melhor ainda se eu não tivesse que passar 3 meses em enfermaria. Meu Deus, como eu sofro! Há tempos atrás descobri o que eu não queria nessa vida: trabalhar com cirurgia e em enfermaria. Meu foco principal é o Ambulatório, é o que eu faço de melhor. O clima de enfermaria , com residentes de clínica médica e tudo que é clínica médica de hospital é angustiante pra mim. Dá pra notar uma guerrinha fria entre todos sobre quem sabe mais sobre a doença, quem leu mais artigos... Primeiro a doença e por último o paciente.

Mesmo na Uerj, que tem todo esse perfil de humanização, há o climinha que eu não gosto do Fundão. É, porque, no fim das contas, pra quem não sabe, eu sou meio “anti-Fundão”. Digo sempre que só volto “naquele lugar”, se for como professora de Medicina de Família.
Vocês podem acreditar no que vi? Uma moça entra na enfermaria carregando uma maletinha de apetrechos... Ajeita o paciente e se prepara pra cortar o seu cabelo. Ingenuamente pergunto se ela é voluntária (mentalidade do Fundão) e ela me responde que é CONTRATADA PELO HOSPITAL! Pára tudo! Isso é Uerj!

Eles criaram o NAPPRE, que é um núcleo de apoio psicopedagógico ao residente, para que este possa ter um espaço pra dividir seus sentimentos... Igualzinho no Fundão!

E o plantão geral? Apesar de ainda não estar muito feliz nessa função, principalmente quando fico sozinha no meu horário da madrugada, a equipe é repleta de internos (quase formados) muito mais bem preparados que os internos do Fundão, que recebem R$500 por mês só pra dar plantão (1/3 da minha bolsa!!!!) e que ajudam muito os residentes! Estou com duas amigas da minha turma e os staffs são Flávio (aquele, do Fundão, que é legal pra caramba, que eu adoro, e que tem até foto dele por aqui) e a Fátima, que é médica que nem eu, da Medicina Integral! E ainda temos round (passagem de todos os casos vistos) e discussão de artigos. No Fundão, o staff às vezes aparecia...

Queria dizer aqui que há lugar para todos nesse mundo! Dentro da Medicina também. E, definitivamente, enfermaria não é o meu lugar. As manhãs são angustiantes, dentro da enfermaria... Saio de lá cansada, me sentindo mal... Mas, tudo fica maravilhoso quando entro num ambulatório! Como é que pode? Fico feliz mesmo! Outra medicina... E a maioria das pessoas não entende e , o pior, discrimina...

3 comentários:

Anônimo disse...

Vive la diferrance! Qdo q vc se muda pra lá?
Tava pensando em te encontrar um dia num final de tarde!

Anônimo disse...

Certa vez vi um filme que não lembro o nome, com o Willian Hurt, onde ele era um catedrático médico e altamente arrogante, daqueles que "se acham" papa. No desenrolar do filme ele fica doente e passa por todo o processo que seus doentes passavam e que ele como "intocável" não dava a mínima. Resumindo, após vencer a doença ele passou a exigir que todo aluno seu assistisse a primeira aula de Medicina, de roupão de doente para que todos sentissem o que os doentes sentem nos mínimos detalhes.
Esrevi isso tudo para desejar que vc seja uma grande médica querida sempre, onde quer que a exerça.
Beijos

Anônimo disse...

Minha Linda Mulher.
Essa tua visão "humanista" da medicina e do paciente é que a torna uma PESSOA e uma MÉDICA muito especial.
Tenho certeza que terás sucesso e poderás exercer a medicina como sempre pensaste.
Grande beijo e conte sempre comigo, AMOR MEU.