Qualquer negócio

Ame
(Paulinho da Viola e Elton Medeiros)

Ame
Seja como for
Sem medo de sofrer
Pintou desilusão
Não tenha medo não
O tempo poderá lhe dizer
Que tudo
Traz alguma dor
E o bem de revelar
Que tal felicidade
Sempre tão fugaz
A gente tem que conquistar
Por que se negar?
Com tanto querer?
Por que não se dar
Por quê?
Por que recusar
A luz em você
Deixar pra depois
Chorar... pra quê?

Sururu me fez lembrar dessa música do Paulinho nesta sexta.

Já a escrevi duas vezes para supostos amores, mostrando-lhes, com tamanha transparência, a minha posição e convidando-lhes a deixarem as dúvidas de lado... Acho que gosto muito fácil de alguém. Será? Talvez. Acabo não sendo tão exigente assim... Não! Melhor dizer que sigo o ´conselho` dos grandes poetas... Vinícius diz: "Mesmo o amor que não compensa é melhor que a solidão". E Paulinho: "ame, seja como for, sem medo de sofrer". Simples assim!

Como dizia o poeta

(Vinicius de Moraes / Toquinho)

Quem já passou

Por esta vida e não viveu

Pode ser mais, mas sabe menos do que eu

Porque a vida só se dá

Pra quem se deu

Pra quem amou, pra quem chorou

Pra quem sofreu, ai

Quem nunca curtiu uma paixão

Nunca vai ter nada, não

Não há mal pior

Do que a descrença

Mesmo o amor que não compensa

É melhor que a solidão

Abre os teus braços, meu irmão, deixa cair

Pra que somar se a gente pode dividir?

Eu francamente já não quero nem saber

De quem não vai porque tem medo de sofrer

Ai de quem não rasga o coração

Esse não vai ter perdão

Isso é bonitinho de se ler, né? Agora vai, você, passar pela dor de amar, desamar, ter alegrias e subitamente ser pego de surpresa por uma ilusão? Após cada queda, volto ainda mais forte. E continuo amando de forma intensa, me entregando incondicionalmente para o seguinte. Nem sempre o tamanho do meu sentimento é proporcional àquele que me é oferecido, provando que o gostar depende muito mais de mim do que do outro. Estou tentando aprender a não aceitar as migalhas de pão... Ainda posso escolher! Tenho que amar "seja como for" e não "seja quem for". Mereço o melhor porque acredito no que meu primo Marcus, na tentativa de me ajudar a elevar a auto-estima, diz com simplicidade e sucintamente: "Você é foda!".

Meu coração está com um cômodo vazio. Ainda posso encontrar os pertences do último inquilino que saiu sem avisar o quanto ia demorar. Até hoje não entendo: eu sempre ofereço as melhores vantagens do mercado, mas ninguém fica muito tempo. Talvez ele volte para buscar as suas coisas. Talvez eu faça uma reforma e jogue tudo fora antes. Depende de quem aparecer e quiser pagar preço maior de aluguel neste intervalo! Há, ainda, a possibilidade do próximo se aproveitar da antiga mobília... Mas quanta mesquinharia! O melhor mesmo é tudo com cheirinho de novo...

Alugo, vendo, troco, financio. Meu coração faz qualquer negócio, contanto que a maior beneficiada seja eu, o que já não acontece há tempos. Na verdade, acho que o último bom contrato assinado data da minha última encarnação... :-)

Nos demais cômodos, a vizinhança é bem bacana: Deus, família, amigos, samba (não necessariamente nesta ordem). Tem um outro quarto bastante bagunçado, que é onde vive o profissional. E eles ocupam tão bem o meu "prédio" que, hoje, não sinto falta de alguém para alugar o tal cômodo vazio. De verdade. Só será ocupado novamente por um hóspede que, de fato, valha a pena. Do contrário, vazio permanecerá.