Estava eu navegando pelos blogs alheios, até que me deparei com este texto! Como eu estava no blog do meu irmão (tem link na barra à direita deste post), o título me chamou a atenção, afinal, a irmã da crônica do Thiago só podia ser eu...
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Li, me identifiquei, mas o nome que tava por ali era Maria... Não entendi nada! Será que foi porque o chamei de João num post anterior? Mas eu era a Joana... E não Maria... Enfim!
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Notem a visão de alguém que me vê todos os dias (ao menos nas poucas vezes que durmo em casa e não nos cafofos dos amigos depois de noitadas em rodas de samba...) e que me atura desde que nasceu... Não é que o garoto me conhece e presta atenção em mim mesmo? Valeu, mano!
Com vocês, "A irmã do Thiago"!
quarta-feira, 27 de julho de 2005
Crônica sobre minha irmã. (Thiago Falosi)*
Vai passar nessa avenida um samba popular. Assim vivia desde que se entendia por gente, fazia e trazia consigo a maior cultura popular que conhecia, andava aos beijos e abraços da sua memória e se orgulhava daquilo que parecia ser sua maior virtude. Maria. A verdade era Maria e sua certeza de que fazia o bem sobre o mundo e, portanto, mereceria ao menos o respeito alheio.
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Vida sempre baseada nos preceitos e conceitos do nacional, sempre figurou as páginas dos melhores ambientes do samba de primeira, tida como rainha da Lapa, Mangueira, princesa da Portela, Estácio de Sá. Fazia com exímia maestria o caminho entre todos os berços da boa e clássica cultura carioca-brasileira, da qual era defensora e admiradora. Mesmo assim, via falhas no relacionamento e na vida dessa cultura, se via por diversas vezes entre as melhores e piores sensações da vida, o medo iminente de não enxergar somente o melhor disso era angustiador.
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Para evitar este tipo de coisa resolveu deixar tudo de lado e estudar a fundo seu estilo fechando-se em seu pequeno universo. Virando um caso de terapia, mesmo assim, se via tão inserida que passou a se confundir com o meio e se tornou à primeira mulher formadora de um grupo, não de música, mas de cultura, coordenava tudo e vivia a emoção dos seus companheiros como se fosse a sua.
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Indiferente aos anseios da vida pop foi se esquecendo do que estava ao seu lado e se fazia cada vez mais de emissária das bandeiras da vida nacional, conquistando cada vez mais adeptos e admiradores, flertes eram comuns, mas nem sempre necessários. Seus seguidores a julgavam muito feliz e muito boa pessoa. Apesar de algumas amarguras e indecisões, se formou uma unidade e os poucos ao seu redor entendiam suas fraquezas e franquezas. Enfim, estava rodeada de bem querer.
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Todavia, mesmo envolta nessa sensação que reconfortava seu espírito ela nem sempre sentia essa vontade louca de ser a melhor o tempo todo, foi largando seus sonhos aos poucos e investindo suas fichas somente nos melhores aspectos a seu ver e viveu. O que tirou disso? Ninguém ao certo sabe, mas Maria continua vivendo a esperar o momento em que terá de fato um bom motivo para adocicar a vida alheia. O que pensa disso? Nem ela faz idéia do que pensar, mas sabe que seu caminho mudou por conta de suas escolhas. O viu de novo? Isso só quem pode responder é ela, mas de certo viu que é tão incerto o que fazemos que o caminhar é muito mais importante. Então, deu o primeiro passo.
.* "Falosi" é a abreviação de Façanha Lotfi Silva
Um comentário:
Como assim, Aline?
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