VIVE MELHOR QUEM SAMBA !!!

"Eu digo e até posso afirmar: vive melhor quem samba" (Candeia)

quinta-feira, 26 de janeiro de 2006

Uma gotinha besta...

Há umas duas semanas atrás, fui feliz e contente buscar o meu diploma. Aconteceram uns rolos na Secretaria da Faculdade de Medicina que atrasaram, além do que já é o esperado, a entrega dos canudinhos oficiais da nossa turma... Mas, eu como não sou estressada, ficava acompanhando tudo através dos e-mails da turma. Alguém informou: "Já estão todos prontos!".

Peguei aquela caroninha básica com meu irmão até o Fundão. Fiz uma horinha, aguardando o atendimento ao público, que se inicia às 10h. Emocionada, assinei alguns papéis comprovando o recebimento do dito cujo e, com uma caneta especial para o papel-moeda do diploma, assinei entre o diretor da minha faculdade e a reitora da minha universidade! Ali dizia que eu estou apta a exercer Medicina... Todo lindo, verde, com marca d´água da minerva e impressões da UFRJ. Ai, ai...

E, com o maior cuidado, transportei-o dentro de um envelope cedido pelo próprio funcionário... De repente, uma sensação estranha de que a ficha caiu... Seis anos dentro daquela faculdade, só pra conseguir o tal do papel que estava em minhas mãos...

Sem carona pra volta, e cheia de compromissos, não fiz como a maioria de meus colegas, que saem dali e vão direto ao Cremerj, para dar continuidade ao processo de registro e receber o tão almejado número de CRM. Iria com mais calma no dia seguinte. Dois ônibus me separavam da casa da minha tia, lugar mais apropriado pra esperar a consulta com a terapêuta. E ainda tinha alugado DVD: "Os dois filhos de Francisco". O interrompi no meio, fui à consulta, levei meu filhote pra terapêuta ver...

Voltei pra casa da minha tia, porque, afinal, tinha um filme pra terminar de assistir, né? Sem falar que o prazo na locadora era até aquele próprio dia... Levando em conta que tudo é no Valqueire, lugarzinho super contra-mão pra minha casa e eu tava sem carro, tive que ficar lá... Minha mãe me buscaria para irmos aos compromissos religiosos.

Quando voltei para a casa da minha tia, ela já tinha chegado do trabalho. Veio me receber na porta da cozinha com as mãos molhadas, porque lavava louça, de modo que esbarrou no envelope desprotegido do diploma... "Oh, céus! Vai molhar!", pensei. Rapidamente, tirei-o de dentro do envelope e caminhei em direção à sala. Sacudi o envelope, para dar fim àquela única gota que ameaçava a integridade do papel mais importante da minha vida e coloquei ambos sobre a mesa central da sala, não sem antes apoiar minha bolsa (grande!) na ponta dele, para não voar, lógico, já que o ventilador de teto da sala estava ligado...

Fui à cozinha! Cerca de 3 minutos depois, retorno à sala, cheia de vontade de continuar assistindo a história de garra, perseverança e miséria da família Camargo. Sento-me e olho pra mesinha da sala... “Ué, cadê o diploma?!”. E tomada de grande pavor, fui, olhar, naturalmente, em volta da mesa, no chão e embaixo dos sofás... Só poderia ter voado... E que absurdo uma pessoa deixar o seu diploma voar... Seria apenas resgatá-lo e tomar mais cuidado! Mas eu não o encontrei dentro da sala...

Foi então que alguma voz maldita, que parecia de alguém que dava gargalhadas com o acontecido, disse pra mim: “Olha lá pra fora.”. E ao virar o meu rosto para a esquerda, buscando a vista da varanda, vi a pior coisa que poderia ter acontecido com o meu diploma: dois cachorros da minha tia, deitados um de frente para o outro, com suas patas sobre alguns pedaços de diploma, e outros em sua boca...

Eu, neguinha que sou, devo ter ficado pálida! Gritei: “Tia, o diploma voou da mesa, passou por debaixo da porta, foi pra varanda e os cachorros destruíram!”. Ela reagiu: “Ah, garota, pára de brincadeira!”. “Tô falando sério”... Quando ela chegou, e viu que eu falava a verdade, ficou boquiaberta... E eu já começava a ficar muda... Triste... Soltei a frase: “Por que é que eu sou assim?”

Daí em diante, foi só choro... Por nervosismo, por não acreditar no que tinha acontecido, por pensar no problema que isso me acarretaria, a residência próxima e eu sem CRM, nos milhões de reais que me custaria a segunda via e no quanto que demoraria a resolução... Liguei para o meu amor aos prantos, e pedi que ele se informasse na Secretaria qual seria o procedimento...

Aos poucos fui me acalmando e até ajudei a minha tia a “colar” os pedacinhos dele, como se fosse um daqueles quebra-cabeças mais difíceis... Ela queria que eu levasse aquele para o CRM, acreditam? Fala sério!

Para todo mundo que eu conto, ninguém acredita. Claro, né? Já imaginaram um diploma, recém entregue, que está parcialmente preso por uma bolsa na mesinha central da sala voar por cima desta, passar pela fresta da porta de ferro, chegando numa varanda que tem dois cachorros que ao avistarem-no começam a rasgar tudo? Isso pra mim tem ajuda sobrenatural...

Ainda bem que fui muito bem recebida pelos funcionários da UFRJ, que ficaram sensibilizados com este caso raríssimo... Só que, a esta altura, todo o corpo burocrático do Fundão já sabe da história! E foi ótimo ter colado os restos mortais com durex, porque foi anexado ao processo, o que torna os trâmites menos demorados... Se fosse extravio, ainda teria que publicar no diário oficial, blábláblá...

Nem tirei foto, nem scaneei, nem xeroquei... Seria uma prova interessante pra mostrar pros meus filhos e netos. Dava pra entrar pro Guiness Book como a pessoa que menos tempo ficou com o diploma antes dele ser destruído... Tudo por causa de uma gotinha besta...

6 comentários:

Anônimo disse...

Um bom defumador e um banho de sal grosso de vez em quando não faz mal nenhum. Xô urucubaca!!!
Mesmo assim, parabéns pelo seu diploma, doutora!

Anônimo disse...

nossa! parece coisa de filme! acho q tá precisando de uns banhozinhos mesmo!

mesmo assim, parabéns a nova médica do pedaço! (sabes q sou adepta do 'doutor, só quem tem doutorado', né? hihihihih)

Anônimo disse...

Amor, desculpe, mas depois que passou seu desespero inicil, ri muito (rimos, na verdade) dessa história.
Achei tão lindo vc me ligar "em prantos" procurando apoio, solução.
Mesmo sem conseguir entender uma frase conexa, só conseguindo "pescar" algumas palavras soltas. Diploma, cachorros, comeram... buááááá
rsrsrsrs
Até nessas ocasiões consigo senti-la tão especial, como sabes que a considero.
Beijão

Thais Façanha disse...

Serginho: já tô até pensando em entrar pro terreiro...

Tati: eu também não gosto muito dessa coisa de ser chamada de "doutora"...

Amor: é uma história pra lembramos para o resto de nossas vidas! Obrigada pelo apoio incondicional e sempre presente.

Anônimo disse...

Inacreditável!

Anônimo disse...

Não sei se é para rir ou chorar, de qualquer maneira o negócio é ser mais cuidadosa, tá?!!!!
Beijos e ontem foi MARAVILHOSO